sexta-feira, 18 de março de 2011

E, se me permite um conselho.

A poetiza Clarice Lispector, disse em um de seus poemas, que “ninguém estará perdido se der amor e às vezes, receber amor em troca”, Às vezes…Porque amar nunca foi garantia de ser amado! Muitas vezes, no lugar da reciprocidade surge a rejeição e o sofrimento parece ser inevitável… Parece! ”Ser rejeitado deveria ser natural e comum, mas o problema é que nós sempre vinculamos nossa autoestima com o número de pessoas que nos apreciam”, como se ele fosse um comércio afetivo no qual o outro deve me amar por eu amá-lo…Quando amamos, não temos, nunca, a certeza de que seremos, também, amados…P orque aquilo que “supostamente” ; chamamos de amor, não passa muitas vezes de um comércio. O amor não deveria nunca depender da outra parte. Nunca!

Devemos cultivar a arte de sermos pessoas amorosas e emanar este amor sem a necessidade do possuir. Posso viajar e ficar encantado com uma determinada cidade! Posso ir para Paris e amar tudo aquilo que apreciei por lá. Mas não posso carregar Paris em minha bagagem de volta. Sim, eu amei aquela cidade, mas agora é bom que ela permaneça por lá e eu aqui. O mesmo se dá com as pessoas. Amar alguém deve estar desvinculado do desejo de possuir este mesmo alguém. Mas parece que aprendemos tudo errado!

Assim, quando este outro alguém não corresponde ao nosso amor e ,por não corresponder, leia-se: “não quer devolver aquilo que lhe entregamos – nos sentimos mal e chamamos isto de rejeição”. Não ser correspondido por alguém significa ,que esta outra pessoa não possui por mim o mesmo sentimento que possuo por ela. Isto deveria ser natural e comum… Mas criamos um problemão sobre esta situação porque, no fundo, vinculamos a nossa autoestima com a quantidade de pessoas que nos apreciam. Quanto mais desenvolvo o meu amor próprio, menor será a minha sensação de rejeição.
O risco desta condição é a própria condição em si! Veja só: Eu simulo ser alguém para que você me aprecie. Na verdade, não sou nada daquilo, mas agora você se apaixona por aquela máscara. Então, resta perguntar: quem está sendo amado? Eu ou minha máscara? Se for a fundo nesta reflexão, verá que não existe benefício algum neste jogo, pois o amor que tanto desejo, no final das contas, não esta vindo para mim, apesar de meu esforço e sim, para um personagem que não existe… E aí, eu criei um personagem que pode ser gostado, ou não , pelas pessoas e fica complicado aceitar, pela maioria, que foi rejeitado, esquecendo, que, na maioria das vezes, ser rejeitado e rejeitar, seguramente são formas de libertação que não pode ser ignoradas e se fingir que nada está acontecendo…
Tudo depende do nível de envolvimento de ambas as partes. Quando existe a possibilidade de diálogo, a coisa mais libertadora a ser feita é dizer claramente a outra parte que você não está interessado. Fingir que nada acontece só irá fortalecer um vínculo kármico-emocional entre ambos.

Quantas pessoas não já confundiram admiração com paixão? Quantas pessoas já não se viram apaixonadas por seus melhores amigos, pelo simples fato de haver entre eles uma sicronia? Quantas vezes não já assistimos pessoas se confundindo entre gratidão e amor?
É muito importante ser grato pelo amor que lhe é oferecido. Diga para a outra pessoa que você a respeita e que valoriza o amor que ela tem por você. Mas seja, também ,sincero em dizer que, neste caso, em específico, você não tem nada para oferecer para ela pois seus sentimentos não são os mesmos. Pois para a maioria das mentes comuns, é muito difícil saber quais são as intenções alheias. Mas, talvez seja melhor assim, pois amar é correr riscos…

Se o meu amor significa que prec iso ter a aceitação da outra parte, então não posso chamar isto de amor e sim de troca ou de comércio afetivo. Amar não implica que o outro me aceite ou me escolha. Além disso, não é vergonhoso dizer para outra pessoa que você a aprecia, a admira e que tem bons sentimentos por ela.
Coloquemos o tema do amor de lado e falemos de uma forma mais genérica: Afastar-se daquilo que te faz sofrer é sempre uma boa opção, a não ser que você seja masoquista, não é verdade?

Quem nunca foi rejeitado deve ser alguém que nunca esteve apaixonado! Quem nunca rejeitou deve ser alguém que nunca despertou paixões! Rejeitar é difícil – claro, para quem se importa com o outro…

Ser rejeitado é doloroso, mas nem tanto… O que mais machuca não é a rejeição em si, não é o descobrir que não se é amado da mesma forma como se ama.. Amar é nada mais do que a certeza de gostar de alguém e a possibilidade de retribuição, e todos sabemos disso! O que pode machucar na rejeição é a indefinição, a falta de respeito e a covardia. O que machuca, é o outro não ter a dignidade de dizer “não estou interessado” em alto e bom som, é o outro se rejeitar até a te rejeitar.

Um “não” dito quando necessário é libertador para quem escuta, opera milagres! Agora, a maioria não tem a dignidade de dizer “não”, prefere se fazer de cego, surdo e mudo e deixar que o outro decifre sinais ou a falta deles… Às vezes, não rejeitam o outro, para continuarem tendo alguém interessado que lhes massageia o ego… Por vezes, não rejeitam por medo de um dia quererem o outro, o velho “não quero ter, mas não quero perder”. Tem, também, quem não rejeita com medo de “magoar” o rejeitado. Mas, saiba, poucas coisas no amor magoam mais do que alguém fazer da sua vida uma incerteza.

Agora, ser rejeitado? Nada que paciência, maturidade e uma pitada de orgulho não curem. Todos nós sabemos que ninguém é obrigado a gostar de alguém. Mas nos esquecemos de que ninguém é obrigado a não gostar de alguém. Isso mesmo…A pessoa que você rejeitou tem o direito de gostar de você, todo mundo tem! Por isso, é seu dever respeitar esse sentimento. Então, se alguém gosta de você, se alguém te ama e você não sente o mesmo, diga! Rejeite, mas sobretudo liberte! Não deixe quem te ama no chão, sem sequer sabe se foi jogado fora, se caiu do seu bolso sem querer ,ou se será pego de volta a qualquer momento.

Se disser a verdade você pode ter a certeza de que não será lembrado por quem te amava como alguém que o rejeitou, mas como alguém que o respeitou. Se tiver coragem de dizer que não sente o mesmo, você não será lembrado como alguém que não o correspondeu, mas como alguém que o acolheu. Então, é só escolher como quer ser lembrado e, se me permite o conselho: não queira ser o responsável por transformar o amor que alguém tinha por você em uma lembrança ruim. Rejeição, a gente supera e reverte, desprezo nem sempre…

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